Carlos Alberto Parreira (2002)

Contratado na véspera do Natal de 2001 para substituir Vanderlei Luxemburgo, Carlos Alberto Parreira foi recebido com desconfiança no Corinthians. Parte da torcida considerava o treinador pragmático demais para dirigir o time. Contudo, ao longo da temporada, Parreira provou sua capacidade e teve uma trajetória vitoriosa. Foi campeão do Torneio Rio-São Paulo e da Copa do Brasil, além de ter sido vice-campeão do Brasileiro. Deixou o clube para retornar à seleção brasileira.

O início, no entanto, não foi fácil. Além da desconfiança, Parreira teve de contornar uma crise interna entre o clube e a parceira HMTF, e a falta de investimentos no futebol. Ainda perdeu o atacante Luizão e teve a disposição um time formado por jovens promessas. Jogadores como Anderson, Deivid, Doni, Fabinho, Fabrício, Gil, Kléber, Leandro e Renato tiveram a chance de se firmar ao lado dos veteranos Dida, Ricardinho e Vampeta – representantes do clube na Copa do Mundo-2002.

A principal característica do time armado por Parreira era a posse de bola e a eficiência na defesa e no ataque. Segundo a Datafolha, o Corinthians foi o time com mais toque de bola, cerca de 422 vezes por partida, e com a melhor média de acertos, aproximadamente 88,9%. O esquema preferido do treinador era o 4-3-3, com Gil, Leandro e Deivid formando o tridente ofensivo e Fabrício, Vampeta e Ricardinho compondo o meio de campo da equipe.

Mas os resultados demoraram a aparecer e no dia 5 de março, quando Parreira fez seu quinto jogo pelo Alvinegro, contra o Etti Jundiaí, no interior, o técnico foi muito vaiado por ter mexido mal no time e foi chamado de burro pela primeira vez pela torcida. Nesse momento, a imprensa paulista dava como certa a troca de técnico devido a pressão interna por vitórias e a resistência de alguns diretores e conselheiros ao técnico. Cogitava-se até o retorno de Luxemburgo.

Essa foi a única crise que Parreira enfrentou em toda sua trajetória no clube e ela foi superada rapidamente. Após essa partida, o time embalou e obteve 17 vitórias, seis empates e apenas três derrotas. Conquistando, assim, o Torneio Rio-São Paulo (reformulado para abrigar os principais clubes dos dois estados) e a Copa do Brasil. No primeiro bateu o São Paulo na final e no segundo, depois de superar o rival na semifinal, decidiu o título com o Brasiliense.

Com o início da Copa do Mundo, Parreira, que acumulava a função de observador técnico da FIFA, não comandou o clube no Supercampeonato Paulista e em alguns jogos da Copa dos Campeões. Foi Jairo Leal, auxiliar técnico, quem dirigiu o time. Quando retornou, Parreira começou a preparar a equipe para o Brasileirão, mas a saída de Ricardinho, que, segundo o treinador, formava ao lado de Kléber e Gil o melhor lado esquerdo do futebol mundial, atrapalhou seus planos.

Ainda assim Parreira conseguiu manter o time competitivo, com Renato na armação. O Corinthians terminou a primeira fase na terceira colocação, depois eliminou o Atlético-MG e o Fluminense no mata-mata e chegou até a decisão do Brasileiro, ficando perto de conquistar a tríplice coroa, mas foi superado pelo Santos, de Robinho e Diego. Mesmo sem o título, o treinador gravou seu nome em definitivo na galeria de ídolos do Corinthians e até hoje é homenageado pela torcida.

O bom trabalho realizado no clube paulista rendeu ao treinador um convite da CBF para reassumir o comando da seleção brasileira. Parreira, que considerava-se com o ciclo encerrado pelo Brasil, aceitou o convite muito emocionado e despediu-se do Corinthians em 7 de janeiro de 2003. “Saio do Corinthians para dirigir o meu país. Não trocaria esse time por nenhum outro do mundo”, disse o treinador.

Parreira, que chegou ao Corinthians sob desconfiança, deixou o clube sob admiração da torcida e em sua despedida fez uma declaração ao clube. “É um orgulho ser técnico do Corinthians. A emoção vivida aqui é muito forte. Eu nunca vi nada parecido com essa torcida. Foi um ano em que tudo deu certo. Alguns companheiros brincam que eu tenho de voltar algum dia porque eu não soube o que é o verdadeiro Corinthians, com crise, pressão. O sucesso foi enorme, hoje sou muito bem recebido pela torcida. Minha família em São Paulo é corinthiana e eu tenho uma simpatia muito grande pelo clube”, disse na época.

Carlos Alberto Parreira comandou o time corinthiano em 66 jogos e obteve 36 vitórias, 15 empates e 15 derrotas, além de 117 gols marcados e 82 sofridos. Aproveitamento de 62% dos pontos disputados. Foi campeão do Torneio Rio-São Paulo e da Copa do Brasil, além de ter sido vice-campeão do Brasileiro.

               
DADOS

Nome: Carlos Alberto Gomes Parreira
Nascimento: 27/02/1943, Rio de Janeiro (RS)
Seleções: Gana (1968-1975), Kwait (1978-1983), Brasil (1983-1984; 1991-1994; 2003-2006), Emirados Árabes Unidos (1985-1988; 1990-1991), Arábia Saudita (1988-1990; 1998-1999) e África do Sul (2006-2008; 2009; 2010)
Principais títulos: Brasil: Copa do Mundo (1994), Copa das Confederações (2005) e Copa América (2004); Arábia Saudita: Copa da Ásia (1988); Kwait: Copa do Golfo (1982) e Copa da Ásia (1980)
Principais clubes: São Cristóvão (1967-1968), Asante Kotoko (1968), Fluminense (1975-1978; 1984-1985; 1999-2000; 2009), Bragantino (1991), Valencia (1994-1995), Fernebahçe (1995-1996), São Paulo (1996), New York MetroStars (1997-1998), Atlético-MG (2000-2001), Internacional (2001) e Corinthians (2002)
Principais títulos: Corinthians: Copa do Brasil (2002) e Torneio Rio-São Paulo (2002); Fluminense: Campeonato Brasileiro (1984) e Campeonato Brasileiro Série C (1999); Fernebahçe: Campeonato Turco (1995-96); Asante Kotoko: Copa Africana (1968)
Estreia: Taubaté 0x2 Corinthians (16/01/2002)

               
PELO CORINTHIANS
J
V E D GP GC %
2002
Amistosos
Campeonato Brasileiro
Copa do Brasil
Copa dos Campeões
Torneio Rio-São Paulo


4
31
11
1
19

3
15
7
0
11

0
7
2
0
6

1
9
2
1
2

5
50
24
0
38

3
46
13
1
19

75
56
70
0
68
TOTAL
66
36
15
15
117
82
62
               
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