Tite (2004-2005; 2010- )

A primeira vez que a Fiel ouviu falar do técnico Tite foi na Copa do Brasil-2001, quando o Grêmio (comandado pelo gaúcho) bateu o Corinthians na capital paulista e foi campeão. Foi a única derrota do time alvinegro no torneio e iniciou uma crise no clube, culminando até na saída do meio-campista Marcelinho Carioca. Curiosamente, dez anos após aquela decisão seria o próprio Tite o responsável pelo quinto título do Campeonato Brasileiro pelo Corinthians, em 2011.

Mais ainda: em 2012, foi o primeiro técnico a conduzir o Corinthians até a decisão da Copa Libertadores e o primeiro dar o tão sonhado título sul-americano ao clube. De quebra, veio o bicampeonato do Mundial de Clubes, no Japão.

INÍCIO. A impressão inicial causada pelo treinador foi um dos fatores que fizaram a diretoria corinthiana procurá-lo em 2004. Naquele ano, o clube quase caiu no Campeonato Paulista, foi eliminado nas quartas de final da Copa do Brasil e estava na zona de rebaixamento do Brasileirão. Dois técnicos já tinham sido dispensados: Oswaldo de Oliveira e Juninho Fonseca. Sem resultados, Tite, que estava dirigindo o São Caetano, foi a aposta do presidente Alberto Dualib.

Tite assumiu o time em meio uma das piores crises da década. De cara, teve um problema com o volante colombiano Rincón, que afastado do time titular optou por rescindir seu contrato acusando o gaúcho de tê-lo boicotado. Calmo, educado e com personalidade para atender a impresa, o treinador se esquivou da polêmica e passou a trabalhar. Sem vitórias nos cinco primeiros jogos, a torcida chegou a pedir a saída do comandante, mas a partir do sexto jogo os resultados apareceram. Apesar de certa irregularidade na tabela, o Timão saiu da penúltima colocação do Nacional para um quinto posto, garantindo vaga na Copa Sul-Americana-2005.

Um dos méritos de Tite foi dar espaços para os jogadores das categorias de base, como Betão, Coelho, Jô, Rosinei, Wendel, entre outros, que estavam aparecendo. Ao longo do ano, eles amadureceram e passaram a integrar o grupo profissional do Corinthians de forma definitiva. O sistema de jogo adotou também encaixou de maneira rápida. A equipe se defendia com dedicação e arricava poucos lances ofensivos, utilizando mais jogadas ensaiadas ou cobranças de faltas. Das 18 vitórias conquistadas sob o comando de Tite, 13 foram por diferença de um gol. Algo que virou uma das marcas do treinador no clube do Parque São Jorge.

Já no final da temporada de 2004 Tite envolveu-se em uma polêmica com o iraniano Kia Joorabchian, representante da MSI (Media Sports Investments), empresa que negociava parceria com o Corinthians e que havia sondado o técnico Vanderlei Luxemburgo. Tite chegou a declarar que sairia no dia em que a parceria fosse consumada e Kia entrasse no clube. Depois voltou atrás nas suas declaçarões e continuou o trabalho. A forma tranquila como o Corinthians encerrou o ano tornou natural a continuidade de Tite, que teve o contrato estendido por mais um ano.

Em 2005, já com a parceria em vigor, o time foi reforçado e a pressão aumentou. A diretoria considerava o Corinthians candidato a todos as taças da temporada e exigia resultados a altura do investimento. O time oscilou nos primeiros jogos. Pressionado, o treinador acabou pedindo demissão em fevereiro, após derrota para o São Paulo. Nesse jogo, a imprensa paulistana revelou que Kia Joorabchian invadiu o vestiário e discutiu com Tite. Um dos motivos da briga teria sido a ordem do gaúcho para que Coelho e não Tevez cobrasse um pênalti no jogo --o lateral errou a cobrança.

RETORNO. Cinco anos depois do ocorrido no Morumbi, Tite retornou ao clube do Parque São Jorge. O convite partiu do então presidente Andres Sanchez, vice de futebol em 2004. O próprio Sanchez admitiu que "estava corrigindo um erro".

Tite foi contratado uma semana após a saída de Adilson Batista e a oito jogos do final do Campeonato Brasileiro-2010. A missão era buscar pelo menos vaga na Copa Libertadores-2011. O time conseguiu a vaga no torneio sul-americano, mas terminou o Nacional na terceira colocação --mesmo posto de quanto o gaúcho assumiu--, embora fosse o líder a três jogos do encerramento.

Mais experiente e com vivência em outros grandes clubes do Brasil, Tite conservou o mesmo estilo da sua primeira passagem pelo Corinthians. Inicialmente recebeu apoio da torcida, mas a perda do título Nacional, em um ano que o time foi primeiro ou segundo em 32 das 38 rodadas, dividiu torcedores.

Para piorar, em 2011, o técnico ficou marcado negativamente na história do Timão por conta da eliminação na fase preliminar da Copa Libertadores. Foi a primeira vez que um clube brasileiro caiu nessa fase do torneio. O algoz foi o Deportes Tolima, da Colômbia. Tite chegou a balançar no cargo, com muitos torcedores pedindo sua saída da equipe, mas acabou mantido pela diretoria corinthiana.

A manutenção do treinador foi importante nos resultados alcançados pelo time ao logo da temporada. No Paulista, foi até a final, embora tenha sido superado pelo Santos de Neymar, Paulo Henrique Ganso & cia. No Brasileiro, liderou 27 das 38 rodadas e, apesar de alguns momentos de instabilidade, viu a equipe levantar a taça no último jogo, em dezembro de 2011. O título fez com o treinador desabafasse, além de agradecer ao presidente Sanchez pela oportunidade de regressar ao Corinthians.

“A manutenção da comissão técnica fez a diferença. Tivemos vários momentos de pressão e a confiança da direção foi fundamental. O marco foi a eliminação na Libertadores. Naquele momento o presidente teria todos os motivos para me mandar embora. Em vez disso ele sentou do meu lado e me apoiou. A derrota na final do Paulista também trouxe instabilidade, assim como a oscilação no segundo turno do Brasileiro, especialmente a derrota para o Santos antes do clássico com o São Paulo. Nesses momentos a diretoria demonstrou confiança no trabalho e o resultado foi o título. Merecemos esse momento, trabalhamos por ele”, disse após a conquista.

Em 2012, Tite alcançou o feito maior pelo clube. Primeiro conduziu a equipe para a primeira decisão de Copa Libertadores. Para isso, eliminou Santos (semifinal) e Vasco da Gama (quartas). Depois, derrubou na final o tradicional Boca Juniors, da Argentina. Na casa do rival empate por 1-1. Na casa corinthiana vitória por 2-0. O título foi conquistado de forma invicta --algo que não ocorria há 34 anos-- e superando os clubes mais fortes do torneio.

Em dezembro, cinco meses após conquistar a América, Tite chegou ao auge no Corinthians. Conduziu o time alvinegro no Mundial de Clubes e, ao superar Al Ahly (Egito) e Chelsea (Inglaterra) por 1-0, deu o bicampeonato ao clube. Na final, armou a equipe de tal forma que o jogo foi equilibrado e sem o tradicional domínio europeu.

"Não [sou o maior de todos os técnicos corinthianos]. Sei do meu valor, sei do meu trabalho, mas tive o privilégio de ter uma direção que acreditou no meu trabalho nos momentos difíceis. Agradeço ao Andrés [Sanchez, ex-presidente do clube] e ao doutor Mário Gobbi [presidente]. O técnico é a vidraça, mas eles mostraram que podemos trabalhar a longo prazo e fico feliz por ter sido escolhido", disse Tite logo após a conquista do Mundial de Clubes.

Até hoje, em 197 jogos no comando do time, Tite conseguiu 101 vitórias, 56 empates e 40 derrotas, além de 270 gols marcados e 160 sofridos. Foi campeão do Mundial de Clubes-2012, da Copa Libertadores-2012, do Campeonato Brasileiro-2011 e vice-campeão do Campeonato Paulista-2011. Seu aproveitamento é de 61%.

Atualizado em: 20.12.2012

     
   
DADOS

Nome: Adenor Leonardo Bacchi
Nascimento: 25/05/1961, Caxias do Sul (RS)
Principais clubes: Guarany-RS (1990), Caxias (1991; 1999-2000), Veranópolis (1991-1995; 1998), Ypiranga (1996), Juventude (1997), Grêmio (2001-2002), São Caetano (2003-2004), Corinthians (2004-2005; 2010), Atlético-MG (2005), Palmeiras (2006), Al Ain (2007), Internacional (2008-2009) e Al-Wahda (2010)
Principais títulos: Corinthians: Mundial de Clubes (2012), Copa Libertadores (2012) e Campeonato Brasileiro (2011); Internacional: Copa Sul-Americana (2008), Campeonato Gaúcho (2009) e Copa Suruga (2009); Grêmio: Copa do Brasil (2001) e Campeonato Gaúcho (2001); Caxias do Sul: Campeonato Gaúcho (2000); Veranópolis: Campeonato Gaúcho Segunda Divisão (1994)
Estreia: São Paulo 1x1 Corinthians (30/05/2004)
Reestreia: Corinthians 1x0 Palmeiras (24/10/2010)

   
PELO CORINTHIANS
J
V E D GP GC %
2004
Campeonato Brasileiro

39

18

13

8

47

35

57
2005
Campeonato Paulista
Copa do Brasil


10
2

5
1

1
1

4
0

11
4

8
1

63
67
2010
Campeonato Brasileiro

8

5

3

0

13

3

75
2011
Campeonato Paulista
Campeonato Brasileiro
Copa Libertadores

23
38
2

12
21
0

7
8
1

4
9
1

37
53
0

16
36
2

62
62
17
2012
Amistoso
Campeonato Brasileiro
Campeonato Paulista
Copa Libertadores
Mundial de Clubes

2
38
20
14
2

0
15
14
8
2

1
12
4
6
0

1
11
2
0
0

2
51
30
22
2

3
39
14
4
0

17
50
77
71
100
TOTAL
198
101
57
40
272
161
60
 
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